Programa, 2005

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(INFORMAÇÕES DO CARTAZ/PROGRAMA)

(Frente)

Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e Secretaria das Culturas
apresentam

COMPANHIA POP CONTA ARENA CONTA ZUMBI – UM MUSICAL BRASILEIRO

Texto criado em processo colaborativo
Dramaturgia e Direção: Demetrio Nicolau
Direção de Movimento: Nara Keiserman
Trecho de Arena conta Zumbi
de Gianfrancesco Guarnieri e Augusto Boal
Músicas de Edu Lobo

com Camillo Borges, Fernanda Alencar, Fernando Velloso, Lívia Guedes, Mihay Freire, Renato Frazão, Ruy Borba, Vivian Duarte

5ª a sábado – 21hs
Domingo – 20hs
Espaço Cultural Sérgio Porto

Apoio: UNIRIO, Thajmahal, Rio Prefeituras Culturas

O teatro morreu. Isso aqui é outra coisa.

(Verso)

A Companhia POP Conta Arena Conta Zumbi

Era para ser uma reflexão sobre o teatro que se fazia em 1965 e o de hoje, tomando por base esse importante marco do teatro brasileiro que foi Arena Contra Zumbi. Entre essa primeira ideia – há uns dois anos atrás – e a execução, hoje, muita coisa mudou no Brasil. E a concepção do espetáculo mudou junto, passando a abranger também a música e a política.

O Teatro está sempre em crise. Mas acreditamos que está mais morto do que nunca esteve. Não só por causa do governo, da violência urbana que mantém o cidadão atrás de suas grades, da concorrência do entretenimento eletrodoméstico, do excesso de trabalho ou da falta de dinheiro… Os cinemas estão cheios, o show de música arrasam multidões, e o público do teatro mingua.

Enquanto isso, na política, desenrola-se aos nossos olhos o grande teatro da corrupção, que se desenvolvia desde as caravelas nos porões das assembleias, e que hoje se assiste na sessão da tarde pela TV, com direito a melhores momentos nos jornais da noite. Avaliamos se esse ou aquele cenário está ou não bem ao seu papel, se aquele outro age como manda o figurino. O cenário político é magnífico, as cenas são lamentáveis e o Congresso acabou sendo o placo dessa tragédia. Quem precisa de Teatro?

A Educação esta em baixa, a Cultura então nem se fala – tem o menor orçamento da União – e o teatro se debate para encontrar novo espaço. Procura adereçar-se com outras artes – mas não fica bonito, quer ser evento – mas não tem verba para isso, tenta flertar com a mídia – mas não a seduz, aproximasse do jogo, desespera-se na desconstrução, e no público parece sentir-se cada vez mais deslocados com essas experiências, e só arrisca uma saída de casa apara um ou outro espetáculo próximo ao show de humor/almanaque de autoajuda. Nem ver seus ídolos da TV podem, pois esses não conseguem mais patrocínio para seus espetáculos e não se arriscam mais nessa aventura.

Aventura, sim, pois profissão não é mais. Nós, que amamos tanto o teatro, continuamos a fazê-lo apenas por vício doentio, incurável e letal. E porque ainda resta um ou outro espectador, como você. Não sabemos como fazer para você não ir embora para sempre.

Terminamos com Oswaldo de Andrade em A Morte de 1937. “Não vos pedimos palmas, pedimos bombeiros! Se quiserdes salvar vossas tradições e a vossa moral, ide chamar os bombeiros ou se preferirdes a polícia! Somos como vós mesmos, um imenso cadáver gangrenado! Salvai nossas podridões e talvez vos salveis da fogueira acessa do mundo!”

Nossa reverência mais profunda a todos os integrantes do Grupo Teatro de Arena, de José Renato, seu idealizador, aos criadores dessa luta pela liberdade que é Arena Conta Zumbi: Gianfrancesco Guarnieri, Augusto Boal e Edu Lobo. E a todos os plantonistas dessa UTI, que batalham para manter o Teatro vivo.
                                                                                                     Demetrio Nicolau – Rio, não sei de quê, 21 de outubro de 2005

Bibliografia Consultada

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PEIXOTO, Fernando (org.). Yan Michalski Reflexões sobre o Teatro Brasileiro no Século XX. Rio de Janeiro: FUNARTE, 2004.

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TINHORÃO, José Ramos. Pequena História da Música Popular. São Paulo: Círculo do Livro, s/d.

TOLEDO Caio Navarro de. O Governo Goulart e o Golpe de 64. São Paulo: Brasiliense, 1991.

JORNAIS: Jornal do Brasil, O Globo, Tribuna da Imprensa, O Dia, A Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo.

REVISTAS: Manchete, Fatos & Fotos, Veja.

Elenco

Camillo Borges
Fernanda Alencar
Fernando Velloso
Lívia Guedes
Mihay Freire
Renato Frazão
Ruy Borba
Vivian Duarte

Ficha Técnica

Criação de Texto: Processo colaborativo da Companhia POP de Teatro Clássico
Arena conta Zumbi, texto original: Gianfrancesco Guarnieri e Augusto Boal
Músicas: Edu Lobo
Dramaturgia, Direção e Iluminação: Demetrio Nicolau
Direção de Movimento: Nara Keiserman
Direção Musical: Demetrio Nicolau e Renato Frazão
Cenário e Figurino: Companhia POP de Teatro Clássico
Assistente de Direção: Helena Borschiver
Montagem de Luz: Marcio, Orlando, Evandro Oliveira e Mihay Freire
Fotografia: Guga Melgar
Assessoria de Imprensa: João Pontes e Stella Stephany
Produção: Maravilha Criações & Produções Artísticas Ltda.
Realização: Companhia Pop de Teatro Clássico

Agradecimentos

Thiago de Castro e Symone Strobel (pela sua cooperação no texto), José Dacosta e Maria da Guia (UNIRIO), Gilson Matogrosso (Colégio Divina providência), Pedro (Teatro Clara Nunes – pelo empréstimo do espaço), João e Stella (pelas sugestões), e toda equipe do Espaço Cultural Sérgio Porto.

Repertório da Companhia POP de Teatro Clássico

013 – A Aranha Arranha a Jarra a Jarra Arranha o Trava-Língua, roteiro de Demetrio Nicolau, 2004
012 – Amor: Instrumento da Tortura (Pra quem Gosta de Discutir a Relação), de diversos autores, dramaturgia de Demetrio Nicolau, 2004
011 – O Santo e a Porca, de Ariano Suassuna, Leitura, 2003
010 – A Vida do Elefante Basílio, de Erico Veríssimo, 2003
009 – Auto do Novilho Furtado, de Ariano Suassuna, 2002
008 – A Menina que Perdeu o Gato enquanto Dançava Frevo na Terça-Feira de Carnaval, de Marcos Apolinário Santana, 2001
007 – A Falecida, de Nelson Rodrigues, Leitura, 2000
006 – Dona Xepa, de Pedro Bloch, Leitura, 2000
005 – O Simpático Jeremias, de Gastão Tojeiro, Leitura, 2000
004 – Forró da Revolução Popular, de Demetrio Nicolau, 2000
003 – Véspera de Reis e o Badejo, de Arthur Azevedo, Leitura, 2000
002 – Quem Casa Quer Casa, de Martins Penna, Leitura, 2000
001 – Desejo de Salomé, de Oscar Wilde, 2000