Programa do espetáculo que esteve em temporada de 11.04 a 29.06.1997, no Teatro I do Centro Cultural Banco do Brasil, Rio

Louise Cardoso e Antônio Pedro. Fotos: Silvana Marques

Flávio Bauraqui, José Caetano e Eromir Cordeiro

(INFORMAÇÕES DO PROGRAMA)

(Capa)

de Arthur Azevedo

A CAPITAL FEDERAL

11 de abril a 29 de junho de 1997

(Verso da Capa – Foto do Elenco e Página 01)

de Arthur Azevedo

A Capital Federal

direção André Paes Leme

A Capital Federal fez 100 anos mas continua em pleno viço. A peça de Arthur Azevedo (1855-1908), que estreou em fevereiro de 1897 no Teatro Recreio com enorme sucesso, é um dos mais completos e divertidos retratos da vida na belle époque. Os tipos, o humor, a vivacidade das cenas em linguagem coloquial e o tema da cidade maravilhosa mas também corruptora traduzem a essência do Rio de Janeiro na época: a fantasia de ser uma Paris tropical.

Arthur Azevedo deixou extensa obra como jornalista, teatrólogo, contista e ensaísta. Dirigindo o Teatro João Caetano, prestigiou os autores nacionais. Suas peças e revistas anuais têm uma leveza impregnada de sátira política e social, refletindo a riqueza do momento histórico em que a campanha abolicionista, a proclamação da república, associadas à entrada de capitais ingleses, eram também fatores civilizatórios. Com ideias, costumes e espetáculos à francesa, naturalmente.

Ao reencenar A Capital Federal, o centro Cultural do Banco do Brasil não só homenageia o autor de uma obra-prima do nosso repertório teatral, como possibilita às novas gerações uma visita às fontes do famoso “espírito carioca” – esse estilo livre e malicioso de comentar o Mundo.

Centro Cultural Banco do Brasil

(Página 02)

Apresentação

É com imenso prazer que a Sarau Promoções traz para você mais um trabalho de resgate da memória brasileira. Nossos últimos trabalhos (Chiquinha Gonzaga, uma Homenagem / Pixinguinha 100 Anos / Ernesto Nazareth, Revelações, entre outros), nos trouxe consequentemente para o universo teatral e, como não poderia deixar de ser, com ênfase no gênero musical.

Nossa primeira experiência, Forrobodó, um Choro na Cidade Nova, nos rendeu o Mambembe 95 como um dos cinco melhores espetáculos do Rio de Janeiro, dando um impulso significativo para continuarmos a pesquisa na área teatral assim como temos feitos na párea musical. O Centro Cultural Banco do Brasil mais uma vez acreditou na proposta da Sarau Promoções e o resultado está aqui, para você participar.

A Capital Federal conta com uma equipe de profissionais que só confirma a certeza de seguirmos em frente na nossa jornada e colaborarmos para o enriquecimento do movimento teatral carioca e, porque não dizer, brasileiro.

Trabalhando no resgate deste passado tão rico e colorido como o nosso, estamos tentando fazer uma parte, embora pequena, para que nossa memória de brasileiros não continue tão curta.

Glauber Teixeira, Ana Luisa Lima, e Andréa Alves

(Página 03)

Inicialmente nossa preocupação era de encontrar o maior número de partituras originais possível. Após intenso trabalho de pesquisa, quando tudo parecia caminhar para um desaparecimento quase total da obra, nos deparamos com todas as partes dos instrumentos da orquestra de A Capital… Infelizmente este material apresentou vários empecilhos para sua utilização, tais como: não poderia ser manuseado, a grade do maestro não existia e nem mesmo as reduções para piano. Diante deste impasse, usar as partituras originais exigira um trabalho de reconstituição minucioso. De acordo com nosso cronograma de montagem, não haveria tempo para esta tarefa, pois toda produção dependia das músicas para ensaiar, fazer coreografias, aprender a cantar, etc… A melhor solução foi a de compor todas as músicas especialmente para o espetáculo, com exceção de “Valsa da Lola”, “Lundu do Figueiredo” e “Tango de Lourenço”, compostas por Nicolino Milano, as quais foram publicadas e impressas, pois na época caíram no gosto do público e sobreviveram independentemente da trama e do enredo do texto

Maria Teresa Madeira – Dir. Musical

(Páginas 04 – foto da cidade e 05 – foto de Arthur Azevedo)

Sobre Artur Azevedo e a Capital Federal

Em 1997 comemoramos os cem anos da estreia de A Capital Federal, de Artur Azevedo. A data só vem reforçar a importância do texto, obra-prima do maior e mais produtivo autor teatral brasileiro da segunda metade do séc. XIX.

Artur Nabantino Gonçalves de Azevedo nasceu em são Luís, no Maranhão, em 07 de julho de 1855. Chegou ao Rio de Janeiro em 1873, empregando-se logo em seguida no jornal A Reforma, primeiro dos incontáveis periódicos em que trabalhou e nos quais exerceu inúmeras funções.

Além de jornalista, foi também funcionário público durante boa parte de sua vida: tendo começado como amanuense, fez carreira no Ministério da Viação, chegando a diretor geral de contabilidade – cargo que assumiu pouco antes de sua morte, em 1908, em substituição a Machado de Assis.

No teatro, Arthur Azevedo atuou em todos os campos que sua pena podia atingir: foi autor, tradutor e crítico, além de usar, como jornalista, todos os espaços possíveis para promover o teatro brasileiro: a construção do Teatro Municipal do rio de Janeiro, por exemplo, é resultado direto de campanhas sistemáticas e metódicas que fez, durante anos, nas páginas de diversos jornais.

Como autor, Artur Azevedo é a maior figura do seu tempo: além de ter produzido uma obra volumosíssima, foi o responsável pela consolidação, no Brasil, das revistas-de-ano, gênero extremamente popular no país nos dois últimos decênios do século XIX e que perdurou, transformado, durante o século XX. Sua obra retratou o rio fervilhante de seu tempo, que pulsava como o coração do país.

A Capital Federal foi escrita a pedido do empresário Silva Pinto, que, ao reorganizar o Teatro Recreio Dramático – localizado na Rua do Espírito Santo, atual Rua Pedro I -, queria apresentar um grande espetáculo musicado. Para escrever o texto, Artur Azevedo aproveitou elementos de O Tribofe, revista-do-ano que encenava os acontecimentos de 1891, cujo fio condutor era uma família roceira que vinha ao rio de Janeiro em busca do noivo da jovem Quinota. O núcleo da família foi inteiramente aproveitado em A Capital Federal; outras cenas foram ampliadas, situações inventadas e introduzidos novos personagens, inexistentes na revista.

Alguns personagens foram modificados ou criados em função dos atores que os interpretariam, e temos aqui uma excelente oportunidade de conhecer alguns dos grandes intérpretes que, embora tendo feito a história do teatro musicado carioca e sendo adorados pelo público de sua época, hoje são inteiramente desconhecidos: o ator Colás proporcionou a criação do personagem Figueiredo, que aparece apenas em A Capital Federal; a ‘arquigraciosa’ espanhola Pepa Rui, primeiramente de uma linhagem de grandes estrelas, motivou a transformação da francesa Ernestine para a espanhola Lola; o personagem do fazendeiro Eusébio, presente nos dois textos, continuou a cargo de Brandão, ator cômico de tamanhão sucesso, que era chamado de O Popularíssimo.

Desde a sua estreia, em 09 de fevereiro de 1897, a burleta se constituiu o maior e mais duradouro dos êxitos populares de Artur Azevedo. A Capital Federal fez tanto sucesso que a representaram até mesmo em Lisboa.

O entusiasmo provocado em 1897 se manteve intacto em sucessivas montagens. Por ocasião da última montagem profissional do texto no Rio de Janeiro, dirigido por Flávio Rangel, em 1972, o crítico Yan Michalski destacava as qualidades do texto: “não há dúvida de que A Capital Federal é uma das mais encantadoras obras-primas que nosso passado teatral nos legou. Sempre achei que a comédia musical – ou a burleta, como queiram – era o gênero teatral que melhor atendia às predisposições naturais do nosso temperamento nacional: a malícia, a crítica de costumes espontânea e irreverente, a musicalidade inata. A Capital Federal é uma prova viva da notável brasilidade do gênero” (JB, 11/10/72).

Assim, nada melhor do que uma montagem para comemorar uma data tão importante. É com muito orgulho que apresentamos ao público essa homenagem a Arthur Azevedo e aos cem anos de A Capital Federal.

Angela de Castro Reis

(Foto 06 – Foto elenco)

Louise Cardosos: Lola
Antônio Pedro: Eusébio
Alexandre Dantas: Mota, Criado do Hotel, Homem do Bordel
Alexandre Melo: Rodrigues, Proprietário
Ana Carbatti: Benvinda
Claudia Ventura: Quinota
Cláudio Mendes: Figueiredo
Édio Nunes: O Gerente, Homem do Bordel
Eromir Cordeiro: Duquinha, Criado do Hotel, Homem do Bordel
Fátima Ribeiro: Dolores, Criada do Hotel
Flávio Bauraqui: Lourenço. Chasseur
Ivana Alves: Juquinha
Jacyan Castilho: Mercedes, Criada do Hotel, senhora
José Caetano: Gouveia, Homem do Bordel
Karine Teles: Blanchette, Criada do Hotel
Regina Gutman: D. Fortunata

Pianista: Maria Teresa Madeira

(Página 07 – Foto elenco)

Encenar A Capital Federal é antes de tudo ter a oportunidade de relembrar o Rio de Janeiro de cem anos atrás. O tempo passou, mas o encanto e a empolgação da cidade não diminuíram em relação ao passado. O Rio foi e continua sendo uma paixão. Apesar de todos os problemas existentes, e que não eram poucos, o Rio de Janeiro de Artur Azevedo já era um sucesso.

O texto coloquial de Azevedo, com um humor crítico e espirituoso, permitiu uma encenação de fácil comunicação e envolvente. A plateia facilmente se transporta para as ruas do Rio antigo e saboreia nosso passado.

Para esta montagem foi necessário que o texto fosse parcialmente reduzido, com o propósito de melhor se adequar aos “tempos de hoje”. Os três atos originais foram condensados num único ato sem que se perdesse a força e a empatia da obra.

O espetáculo, marcado por um humor dinâmico e “ingênuo” e pontuado por intensa musicalidade, deverá com certeza deixar saudades do rio de outrora.

André Paes Leme – Diretor Cênico

(Página 08)

Direção Cênica: André Paes Leme
Direção Musical/Composição: Maria Teresa Madeira
Direção de Produção: Glauber Teixeira, Ana Luisa Lima, Andréa Alves
Cenários: Carlos Alberto Nunes
Bonecos: Carlos Alberto Nunes
Figurinos/Adereços: Luciana Buarque
Colaboração Figurinos/Adereços: Milton Di Biasi
Iluminação: Aurélio de Simoni
Preparação Corporal: édio Nunes
Preparação Vocal: Maria Teresa Madeira
Coreografias: Édio Nunes, Daniel Carvalho de Souza
Pesquisa e Ass. Teórica: Angela Reis
Projeto Gráfico:Raimundo Brasil, Patrícia Ebner
Assessoria de Imprensa: Jeanne Duarte e Clóvis Corrêa
Fotos: Silvana Marques
Produção Executiva: Luis Felipe Castro Santos
Ass. Direção: Angela Reis
Ass. Dir. Musical: Jaqueline Luporini
Ass. Produção: Márcia Cristina Alves, Jorge Ferreira de Souza
Ass. Figurinos: Edna Aguiar, Suely Gerhardt
Ass. Cenários: Bárbara Martins
Ass. de Ass. de Imp.: Guilherme Avzaradel, Joana Libório
Op. de Luz: João Antônio Sales
Costureira: Cecília
Cenotécnico: Irlan Neri
Camareiras: Vera Romano e Yara Francisca
Contra-regra: Wander Teixeira da Silva
Sec. Produção: Rose Fernandez e Paulo Ignácio
Concepção Geral e Realização: Sarau Promoções Culturais Ltda.

(Verso da Última Capa)

Agradecimentos

Telerj, DeMillus, Restaurante Santa Fé, Restaurante Cantinela. Academia de Música de Nova Iguaçu, Ótica Lunitterie, Regini’s Coiffeur Ltda., Studio Mil Palavras, Jorge Fernando, Milton di Biasi, Sonayra D’Avila, Marcos Arruzo, Regina Célia Thomaz, Tereza da Graça Madeira Pereira, Produção Elenco da Rede Globo, Equipe CCBB, Cristiane Rodrigues Pereira, Academia de dança espanhola Vera Alejandra

Realização

Centro Cultural Banco do Brasil

Produção

Sarau Promoções Culturais Ltda.

(Última Capa)

(Logos) CCBB, Lei de Incentivo à Cultura

Teatro I do Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Primeiro de Março, 66 – Centro – Tel.216.0237
Quintas às 19 horas, sextas às 19 e 21 horas e sábados às 21 horas