Cartaz, 1957

Programa, 1957

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Na foto: Bárbara Heliodora, Kalma Murtinho, Yan Michalski e Carlos Oliveira. Foto: Richard Sasso

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Elenco na frente da Arca, 1957

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(INFORMAÇÕES DO PROGRAMA)     

(Capa)

O Tablado

O EMBARQUE DE NOÉ

(Página 01)

Farsa Bíblica em dois atos de Maria Clara Machado

(Página 02) 

A Peça

Embarque de Noé – que chamaremos de farsa bíblica à falta de melhor designação – foi escrita e encenada sem que a autora cogitasse da natureza do público a que estaria destinada. Adultos ou crianças? Porque não admitir-se um publico de idade neutra, entre infantil e adulta, que deve ser a do nosso subconsciente?

Do episódio bíblico do dilúvio, elegemos apenas o ato do embarque, que procuramos tratar em linguagem cênica, marcando a afobação própria dos momentos que antecedem a partida para uma grande viagem, de que participam seres humanos e bichos.

Noé, temente a Deus, está disposto a cumprir à risca as ordens do Senhor. Só espera o momento do primeiro pingo d’água. Ordena que os bichos entrem aos pares e, logo a seguir, os membros de sua família.

Mas a senhora Noé, diligente dona de casa, não se conforma em partir sem tomar umas tantas providências indispensáveis ao conforto da viagem: embarcar o resto dos cacarecos, ultimar algumas costuras, etc… Seu espírito prático entra em conflito com o do iluminado Noé. Discute com o marido, queixa-se dele ao Senhor. Surgem outras complicações: um casal de clandestinos disfarçados em “protozimbios pintados”, procura entrar de qualquer jeito; um pinguim tristonho fica todo o tempo a espera de sua companheira; e a máquina de costura da senhora Noé desapareceu inexplicavelmente. Chegada a hora e não aparecendo a família, Noé se fecha sozinho na arca. Mas eis que surgem com bastante atraso a senhora Noé com os filhos, e o velho patriarca se recusa a abrir-lhes a porta. Por fim, tudo se ajeita e a arca toma o seu destino.

(Página 03) 

Elenco

A Família Noé 
Noé: Germano Filho
Senhora Noé: Martha Rosman
Sem: L. Bronz
Can: João das Neves
Jafé: Joel Lopes de Carvalho
As 3 meninas: Lia Costa Braga, Raquel Stella, Maria Thereza Campos
Os Bichos
O Pinguim: Yan Michalski
Um Casal de Girafas: Bárbara Heliodora, Anna Maria Magnus
Um Casal de Bois: Alexandre Stockler, Pichin Plá
Um Casal de Macacos: Fred Amaral, Dinah Gonçalves Pinto
Um Casal de Leões: Paulo Nolasco, Kuarezita Alves
Os Clandestinos: Carlos Oliveira e Kalma Murtinho
A Pinguim: Elizabeth Gallotti

Ficha Técnica

Música: Reginaldo de Carvalho
Cenário: Bellá Paes Leme
Costumes: Kalma Murtinho
Luz: Carlos Augusto Nen
Sonoplastia: Edelvira Fernandes, Denis Estill, Julia Pena da Rocha, Darcy Rocha
Máscaras Executadas por: Dirceu Nery
Cabeleiras: Fisphan
Caracterizações: Fred Amaral
Assistência de Direção e Contrarregra: Vânia Leão Teixeira, Juarezita Alves, Maria de Lourdes Almeida Magalhães
Direção: Maria Clara Machado

(Páginas 04 e 05)

(Página 06) 

A Música

Reginaldo de Carvalho, nasceu em Guarabira (Paraíba) em 1932. compositor desde os 14 anos de idade ainda no colégio. Alôs 17 anos, findos os cursos de Humanidades veio para o Rio onde estudou em particular com Paulo silva, sob a orientação e recomendação do Maestro Villa-Lobos. Aqui fez também o conservatório Nacional de Canto Orfeônico. Em 1953 seguiu para a França, com bolsa de estudos, onde cursou harmonia, contraponto e composição com Paul Le Fleur e instrumentação e regência (de coros e orquestra) com outros mestres sob recomendação do Maestro Villa-Lobos

De regresso, trouxe uma bagagem de mais de 300 composições de todos os gêneros, notando-se a sua preferência pela música coral e orquestral.

Para teatro apresentou há pouco a música de O Escriturário, pantomima de Luiz de Lima. Assistindo a alguns ensaios de Embarque de Noé, e inspirando-se nos seus motivos, Reginaldo de Carvalho concedeu-nos o privilégio de compor-lhe a música adequada valorizando grandemente o espetáculo.

As Máscaras

Dirceu Nery é um brasileiro (pernambucano) que já trabalhou na Europa muito mais do que aqui. Foi cenógrafo da “Brasilana”, grupo que viajou e obteve sucesso em países estrangeiros. Trabalhou em França na companhia de Marcel Pagnol, tendo feito cenários para a trilogia Marius, Fanny e Panisse. Também trabalhou na Ópera de Paris, em cenários, sob a direção de Mulene, e fez curso de cenografia na Suécia, no Cirkus Theatre. O seu talento para conceber e preparar máscaras foi amplamente demonstrado nos trabalhos que apresentou à Exposição de Arte Popular Brasileira em Neuchatel, na Suíça, sendo que o Bumba-meu-boi foi recentemente focalizado em uma das nossas principais revistas. É com especial prazer e interesse que O Tablado recebe a colaboração deste brasileiro que, retornando ao Brasil em boa hora se reintegrou à nossa cultura artística.

(Página 07) 

O Cenário

Bela Paes Leme começou sua carreira de cenógrafa com Assim é se lhe Parece, para Os Comediantes, a “maquette” desse cenário está hoje exposta na IV Bienal de São Paulo, ao lado de outra, a de Electra no Circo, de Ermilio Borba, trabalho pelo qual Bela Paes Leme recebeu uma Menção Honrosa. Tem feito cenários para vários grupos, entre eles Dulcina, em Nossa Querida Gilda de Noel Coward, e Teatro em Casa, de Carlos Perry, encontrando a maneira mais adaptada a esse tipo de grupo com seus trabalhos para Não Sou Eu, de Moreira Fonseca e Antes da Missa, de Machado de Assis. E já trabalhou antes para O Tablado, onde criou o delicioso ambiente em que se passou O Baile dos Ladrões, de Anouilh. Aceitou com extrema gentileza o convite para fazer o cenário do Noé, embora estivesse já muito atarefada com outros trabalhos, dizendo “Gosto de O Tablado, e gosto do espírito das peças de Maria Clara”. O Tablado, sem dúvida, é que lucra, por ter a amizade e o interesse de uma cenógrafa de tanto mérito.

Os Figurinos

Para quem conhece O Tablado não é desconhecido o nome de Kalma Murtinho. Ativa em vários setores, atriz e também cenógrafa, tem sido sempre a figurinista de O Tablado. Seu primeiro trabalho foi para A Escola de Mulheres de Cocteau. Desde então não parou mais de desenhar figurinos. Enumerar seus figurinos para O Tablado seria o mesmo que citar quase todo o nosso repertório. Lembremos, entre outros, O Baile dos Ladrões, que lhe valeu o prêmio de revelação como figurinista, O Macaco da Vizinha, O Chapeuzinho Vermelho, e O Tempo e os Conways, seus mais recentes trabalhos. Mas Kalma já é conhecida também por seus figurinos para grupos profissionais, tendo feito os de O Primo da California, para o TBC, que lhe valeu uma medalha de ouro de melhor do ano; e recentemente desenhou os figurinos das três peças que constituíram o primeiro espetáculo da temporada deste ano do Teatro Nacional de comédia.

(Página 08) 

Cadeiras Permanentes

Encontra-se a venda a nova série de cadeiras permanentes lançada pelo “O Tablado”, que dá direito à segunda representação de cada nova peça encenada. Estas novas assinaturas serão vendidas ao preço de Cr$ 1.500,00, podendo ser pagas em três prestações. Qualquer outra informação será obtida com Eddy Rezende Nunes – Tel. 57.9497 – ou com a pessoa encarregada dos programas, na própria sala de espetáculos

(Verso da Última Capa:  Espetáculos Anteriores)

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Obs.
A primeira versão do espetáculo teve 29 apresentações e 2.077 espectadores.